DEATH NOTE – NETFLIX
- Joelso Franco
- 31 de ago. de 2017
- 3 min de leitura
Todos assistiram muitos até acharam razoável, outros simplesmente odiaram. A adaptação do anime Death Note feita pela Netflix foi tão comentada, que eu decidi trazer minha singela contribuição sobre o assunto aqui pro K-Tudo. Espero que ninguém me odeie por isso...

A história todos conhecem né? O garoto Light acha um caderno capaz de matar qualquer um cujo nome for escrito. Ele então começa a fazer sua própria justiça, matando criminosos sob a alcunha de Kira, até que surge um detetive conhecido como “L”, para investiga-lo. A trama policial/sobrenatural gira em torno da genialidade e rivalidade dos dois personagens.
Seja positivo! Tente entender que um garoto japonês que odeia as pessoas e o mundo, pelo motivo aparente de egocentrismo, só funciona no desenho.

Neste filme Light é um estudante aparentemente muito inteligente que encontra no Death Note, uma maneira de fazer justiça e de talvez alimentar uma fome de poder.
Não temos a construção de um psicopata. O que ganhamos é um garoto traumatizado (pela morte da mãe? Nem eu sei), que entra numa pilha errada de matar criminosos e meio que se arrepende no meio do caminho.

Light não aguenta o peso do caderno, e é isso que mais prejudica a história. O filme não consegue passar a sensação de que Kira é uma ameaça real ao mundo. Perdendo a chance de mostrar o carisma inconfundível que o personagem possui.
Quem ganha um destaque inesperado é o seu par romântico. A “Psíco-Idol Desu” que conhecemos do anime sai de cena, e entra uma garota com personalidade bem mais forte.

É Mia quem convence Light a usar o Death Note, e parece bem mais atenta ao que acontece ao seu redor do que o garoto.
Ótimo! Uma reinvenção positiva da Misa Misa! O problema é que isso deixa o personagem principal ainda mais em descrédito.
E tudo isso é em função do desenvolvimento de um romance bem sem graça que toma conta do filme de um jeito bem irritante.

Quando “L” apareceu eu comecei a gostar mais do filme (admito, sou Team L desde adolescência). Eu realmente acho que o personagem foi bem adaptado, todos os trejeitos, postura e inteligência estão ali.
Desafiar Kira em frente às câmeras para comprovar uma teoria sobre o assassino, é o tipo de coisa que todos esperavam desse filme. “L” consegue ser bem apresentado durante o filme.

Eu nem me incomodei com aquele traço de fragilidade que colocaram nele. Convenhamos que um órfão que sofre lavagem cerebral para transformar-se em um super-detetive, não possa ser um adulto normal. Eu só não esperava que toda essa fragilidade fosse apenas uma armadilha criada para que a história pudesse derrotá-lo no final.

Mesmo perdendo a neutralidade, sua característica original mais importante, Ryuk desde que aparece mostra-se a criatura curiosa e sádica que nós conhecemos.
Ele vê na humanidade e principalmente em Light, um meio de se distrair. Fica difícil defender aquelas “novas” regras feitas exclusivamente para o filme (para estragar o roteiro), porém temos que dar um crédito pro Willem Dafoe.

Toda a parte final do filme é bem constrangedora. O que dizer da falha miserável de “L”, ou da cena ridícula da roda gigante?
“L” desmorona como personagem. Tudo que ele tinha de interessante desaparece quando ele surta por causa Watari, simplesmente perdendo todo o autocontrole e a sagacidade desenvolvidos ao longo da história.

Aos 45 minutos do segundo tempo, temos um breve deslumbre do que a mente de Kira pode fazer. Nada que salve a desgraça do resto do filme, toda aquela solução mirabolante era o que se esperava do personagem desde o começo. Faltou o bom senso de mostrar a real ameaça que o personagem representa.
Mudanças são necessárias ao adaptar qualquer obra, e concordamos que anime/mangá são sempre mais complicados de se trazer para o ocidente.
É importante estar aberto às mudanças quando se assiste a uma adaptação desse tipo, porém é compreensível que o público que gosta do material original se afaste, quando os personagens e os elementos são transformados em coisas que eles não são.

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